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Aos Vícios (Gregório de Matos Guerra)

domingo, 6 de março de 2011





Aos vícios


Gregório de Matos Guerra



Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.

E bem que os descantei bastantemente,
Canto segunda vez na mesma lira
O mesmo assunto em plectro diferente.

Já sinto que me inflama e que me inspira
Talia, que anjo é da minha guarda
Dês que Apolo mandou que me assistira.

Arda Baiona e todo o mundo arda
Que a quem de profissão falta à verdade
Nunca a dominga das verdades tarda.

Nenhum tempo excetua a cristandade
Ao pobre pegureiro do Parnaso
Para falar em sua liberdade.

A narração há de igualar ao caso
E se talvez acaso o não iguala
Não tenho por poeta o que é Pegaso.

De que pode servir calar quem cala?
Nunca se há de falar o que se sente
Sempre se há de sentir o que se fa1a.

Qual homem pode haver tão paciente,
Que, vendo o triste estado da Bahia
Não chore, não suspire e não lamente?

Isto faz a discreta fantasia:
Discorre em um e outro desconcerto
Condena o roubo, increpa a hipocrisia.

O néscio, o ignorante, o inexperto
Que não elege o bom, nem mau reprova
Por tudo passa deslumbrado e incerto.

E quando vê talvez na doce trova
Louvado o bem e o mal vituperado
A tudo faz focinho, e nada aprova.

Diz logo prudentaço e repousado:
-Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado.

Néscio, se disso entendes nada ou pouco,
Como mofas com riso e algazaras
Musas, que estimo ter, quando as invoco.

Se souberas falar, também falaras
Também satirizaras, se souberas
E se foras poeta, poetizaras.

A ignorancia dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.

Há bons, por não poder ser insolentes,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não? -por não ter dentes.

Quantos há que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?

Uma só natureza nos foi dada
Não criou Deus os naturais diversos;
Um só Adão criou e esse de nada.

Todos somos ruins, todos perversos,
Só nos distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos

Quem maior a tiver do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem-se os mais chitom, e haja saúde.

6 Encantamentos::

Sobre o Tempo disse...

Muito bom o seu blog. Poemas clássicos de autores consagrados. Parabéns!

Lena disse...

Kiro,
Nunca mais tinha ouvido qualquer referência ao sábio Gregório de matos. Bela escolha. Bjs. com muito carinho, minha fofa.

Vera Lucia Marques disse...

Esse cara sabe das coisas...Abrs!

Anônimo disse...

Explique o que vc entende o 3 verso dessa estrofe

A ignorância dos homens deste eras
Sisudos faz ser uns outros prudente
Que a nudes canaliza besta feraz

Anônimo disse...

Explique o que vc entende o 3 verso dessa estrofe

A ignorância dos homens deste eras
Sisudos faz ser uns outros prudente
Que a nudes canaliza besta feraz

Anônimo disse...

Explique o que vc entende o 3 verso dessa estrofe

A ignorância dos homens deste eras
Sisudos faz ser uns outros prudente
Que a nudes canaliza besta feraz